O LADO HUMANO DOS DESFILES

01/02/2012 08:58

 

 

 

O LADO HUMANO DOS DESFILES

 
O que a gente vê nos desfiles de semanas de moda, exatamente como é desfilado, quando nunca pode ser encontrado desse jeitinho nas lojas. Se é que a gente frequenta (ou consome) as lojas das marcas que desfilam em semanas de moda! Talvez por isso, nesses tempo de muitas semanas de moda, muitos desfiles e MUITAS imagens de looks-de-passarela disponíveis (ao alcance de to-do-mun-do), chame muito mais atenção o que se usa fora das passarelas. De uns anos pra cá a gente percebe (aqui no blog mesmo) que o interesse pelas passarelas é infinitamente menor pelo interesse que os looks de quem vai ver essa mesma passarela, de quem assiste aos desfiles. Quem tá nos corredores da Bienal ou nas entradas e saídas de desfiles internacionais tem rendido muito mais assunto que o que foi mostrado nas passarelas. Nosso gosto amadureceu, nossas escolhas estão aperfeiçoadas e a gente quase acha que tá valendo mais o “como usar” do que o “o que usar”. Quase!
 
 

 
Acontece que se tem uma coisa nessa vida que acrescenta valor ao que a gente veste é o SENTIDO. E semanas de moda são prato cheio pra gente aprender mais sobre o que motiva a criação da roupa, o que direciona a pesquisa de tendência (isso ainda existe?), o que tem de história – e estórias – no pacote de cada modinha que a gente tem vontade de usar. A ‘viagem’ de cada estilista pode render coordenação de cores que vem de alguma idéia bacana, os cenários podem ser iluminados de modo que faça lembrar um jogo de texturas, a música pode ter a ver com a imagem (e é tão legal pensar que looks podem fazer referência à músicas, não?), o que cada amarração acessório cabelo aplicação recorte pode carregar de informação que vai além da moda! A gente pode prestar atenção na “origem” de cada coleção desfilada ao ouvir o que cada estilista conta sobre seu próprio trabalho a cada temporada, e assim se permitir-se interessar por inteligências diferentes… que podem ser carregadas no que a gente veste. O lado humano dos desfiles, essa vontade da gente aprender e interpretar e dividir o que faz brilhar o olho com mais gente (através do que a gente escolhe vestir), é pra gente aqui na Oficina um antídoto contra qualquer banalização ou supervalorização vazia de roupa e aparência. Só vale mesmo o que vale pra gente mesma!
 
A edição de inverno 2012 do SPFW que começa hoje propõe “uma reflexão sobre a riqueza e diversidade do processo criativo e dos pensamentos que alimentar idéias e inventam soluções” – o evento inteiro quer “celebrar a maneira como a moda amplia e valoriza o nosso imaginário” (daqui). Essas são máximas que a gente pode exercitar agora, em tempo de desfiles, e levar consigo pra vida, pra frente do espelho, pra passeio no shopping, pra visita à liquidação. Encontrar sentido no que a gente veste – e permitir que a moda amplie e valorize o nosso imaginário! – é tarefa pra quem tá atento ao que é importante (pra si mesmo), à singeleza da vontade genuína, ao amor próprio. :)